O que para o governo do Distrito Federal será um
novo bairro de alto padrão de Brasília, é considerado um “santuário de pajés”
para uma comunidade indígena que atualmente ocupa o local. O plano urbanístico
do novo bairro prevê a construção de 20 quadras residenciais para cerca de 40
mil moradores. Contudo, a área loteada pela Terracap (Companhia Imobiliária de
Brasília) está ocupada por uma comunidade indígena e abriga um santuário de
pajés há cerca de 30 anos. Apesar disso, seguranças armados de empreiteira
atacam indígenas e ativistas com a conivência do GDF e da FUNAI.
Índios das etnias Fulni-ô, Kariri-Xocó, Korubo,
Guajajara, Pankararu e Tuxá reivindicam a permanência na área apesar da licitação
dos lotes residenciais do Setor Noroeste pelo Governo. A atual área
reivindicada como de uso tradicional histórico pela comunidade indígena do
Santuário dos Pajés e que se encontra sub judice desde 2009 é de apenas 50
hectares se não fosse a truculência dos tratores e a violação dos direitos
indígenas na gestão Arruda/Paulo Octávio que desmatou cerca de 900 hectares de
cerrado e milhares de espécies nativas, apagando os vestígios históricos da
presença indígena na região. que ainda preserva a vegetação original do cerrado
– e as reivindicações dos índio.
O Governo do Distrito Federal ainda no governo
Arruda, antes de ser afastado por um forte esquema de corrupção, apresentou como
uma única solução transferir os índios para uma área próxima ao local que
ocupam atualmente, ignorando a vontade dos indígenas, o patrimônio cultural
imaterial e a presença histórica. O atual governador Agnelo Queiroz não se
manifesta sobre a questão, embora tenha recentemente nomeado para a presidência
da Terracap o ex-advogado a Emplavi, empresa que arrebatou os lotes que
correspondem à área reivindica para o Santuário.
O governo do Distrito Federal não reconhece área
como território indígena. A Fundação Nacional do Índio (Funai) também não.
Porém, de acordo com o órgão, há no mínimo nove famílias no local, vindos nas
últimas 5 décadas de grupos étnicos do Nordeste. A questão fundiária está no
Ministério Público, pois se trata de uma questão levantada pelos povos originários
daquela região, a FUNAI por alguns momentos não se posicionou como instituição,
porém a partir de uma liminar no MP, teve que formar um Grupo de Trabalho
formado por antropólogos, dentre outros profissionais para obter uma análise
histórica da região. Porém, até o momento não publicizou o laudo antropológico.
O impacto ambiental é um dos mais graves, pois o santuário
se encontra próximo do Parque Nacional de Brasília, sendo assim o santuário é
nada mais do que uma região de amortecimento do parque. Algumas nascentes
também são encontradas, porém a TerraCap tenta de forma bruta apagar essas
evidências com tratores entre outros. O cerrado nessa região ainda é bem preservado,
obtém árvores nativas com mais de 100 anos.
A ação do Ministério Público Federal em 2009 foi
no sentido de se fazer respeitar os direitos indígenas e o Artigo 231 da
Constituição Federal, cumprindo a Lei, e garantir a realização dos estudos
técnicos previstos no Decreto Lei 1.775/1996. O território de uso tradicional
inicial do Santuário dos Pajés seria muito maior do que os atuais 50 hectares
se não fosse o descumprimento da lei pela FUNAI que não realizou os estudos
técnicos há tempo para a definição da extensão real da terra indígena, o
descumprimento da lei pelo GDF, pela TERRACAP, pelo IBAMA e pelo IBRAM que não
aguardaram o Laudo antropológico para atender o item 2.35 da licença ambiental
que exige a conclusão de estudos técnicos da área indígena, indicando o tamanho
real do território indígena a ser respeitado e protegido.
Contudo, no último mês, o TRF-DF emitiu decisão
contrária, permitiu que a construtora Emplavi inicie obras em local próximo ao
Santuário dos Pajés. Manifestantes protestam contra construção de bairro em
Brasília. A decisão da juíza do caso é questionada, por ser irmã do
consultor-geral do Governo do DF, que é contrário ao Santuária. Na última
semana, a disputa pelo local levou ao confronto entre manifestantes defensores
dos indígenas e seguranças da empresa. A situação desde então está bem tensa.
Na última
semana diretores da ASSEMDA visitaram em dias alternados o Santuário
conversando com lideranças, apresentando solidariedade e nos disponibilizamos
para articular mantimentos, apoios políticos, etc. A Assembleia Geral do dia
11/10 deliberou pela solidariedade à luta.
Hoje, a construtora, com o apoio da empresa de
segurança Snake, invadiu o Santuário dos Pajés e barraram a entrada, deixando
os indígenas e apoiadores presos em cárcere privado. Os tratores estão
destruindo a menos de 50 metros do Santuário e as agressões aos manifestantes
estão acontecendo neste momento. Segundo informes, mesmo uma viatura da Polícia
Civil, que estavam no local, está presa, pois a criminosa Brasal fechou a única
entrada para o Santuário. Por outro lado, dois indígenas foram presos pela
polícia.
O movimento Santuário
Não Se Move convoca toda a população do DF para a resistência hoje a partir
das 17 horas. Pede para que divulguem nas redes sociais, telefone, grupos de
e-mail e etc, pois considera hoje dia decisivo à resistência do santuário dos
pajés.
Nenhum comentário:
Postar um comentário