Mais de 1.500 mulheres integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam por volta das 05:00h da madrugada desta segunda feira, 28 de fevereiro de 2011, a fazenda pertencente a empresa Veracel Celulose que fica localizada a oito (8 Km) do centro de Eunápolis, numa área conhecida como região da Roça do Povo.
De acordo com as Líderes do movimento, a ocupação sistemática das mulheres militantes do MST na área da Veracel, faz parte do calendário das comemorações do dia 08 de março, Dia Internacional das Mulheres, informaram também que outras ocupações poderão ser realizadas em outras áreas, no estado da Bahia.
Em entrevista ao portal de notícias VOCEAKI, a dirigente Eliane Oliveira, falou sobre os motivos da ocupação: "Nós mulheres do MST, estamos felizes por realizar esta ocupação, já faz tempo que estamos fazendo esse enfrentamento com o agronegócio na região de Eunápolis e aqui é a veracel. Essa é a primeira ocupação que nós mulheres fazemos no estado da Bahia e amanhã é o dia 1º de março, o mês que se comemora o dia Internacional das Mulheres, quem sabe, a nossa presidente Dilma, se sensibilize e coloque em pauta a reforma agrária que até o momento, ela nao se pronunciou sobre essa questão social. Estamos reivindicando: Projetos para as Mulheres, Políticas Públicas para as Mulheres, Reforma Agrária para assentar 4.500 famílias acampadas na Regional Extremo Sul. Entendemos que se o governo federal e estadual quiserem, a reforma agrária acontecerá. Nós queremos que o governo analise e veja de que forma vai assentar essas famílias, enquanto isso, o agronegócio cresce na região", desabafou a militante.
Lucinéia que também é uma das líderes da ocupação, disse à nossa Reportagem: "Estamos ocupando esta área porque faz parte da jornada de luta do MST Nacional, em abertura das comemorrações do dia Internacional da Mulher. A veracel é a simbologia do agronegócio na região, que concentra terras, que planta em monocultivo, que não distribui rendas e portanto nao muda a vida das pessoas. Há mais de 11 anos estávamos fazendo acampamentos temáticos em Salvador, realizando seminários para debater as questões que nos afligem no nosso cotidiano, agora resolvemos fazer acampamentos no extremo sul da Bahia. Estamos fazendo esta ação, ocupando uma área de um latifúndio do agronegócio, para questionar com legitimidade, quais as metas e prioridades do governo Dilma para a reforma agrária. Estamos reivindicando as terras concentradas no poderio do agronegócio, para serem distribuidas ao agricultores, aos trabalhadores e trabalhadoras, queremos dignidade, onde contemple a saúde, a educação, uma qualidade de vida melhor para nossas famílias, portanto, queremos a reforma agrária já", explicou ela.
As militantes do MST armaram tendas e barracas, como acontece em outros acampamentos, estavam portando facões, foices, enxadas e já iniciaram uma plantação de feijão e milho. Foi improvisado no local barracões para servirem de escola para as crianças, visto que no grupo existem dezenas de alunos e professores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
A discussão em torno da participação das mulheres Sem Terra na luta por Reforma Agrária e pelo fim da discriminação, vem desde o começo do MST. A própria forma de organização do Movimento leva essas mulheres a buscarem a superação das desigualdades, tanto econômica como de participação no MST. Todos os anos no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as mulheres do MST colocam em pauta suas reivindicações.
Já faz alguns anos que está sendo feito esse debate para transformar o 8 de março em um dia de luta das mulheres no MST, essa data foi se tornando um dia de valorização da beleza, do comércio e da confraternização.
Evanildo Costa, Coordenador regional do MST, comentou sobre a ocupação das mulheres na área da Veracel: "Esta ação foi amplamente composto por mulheres do movimento, que além de participarem das lutas do cotidiano, têm o foco nas garantias dos seus direitos e de suas familias. Foi um ato grande, ato de tantos outros organizados e executados pelas mulheres sem terras", finalizou Evanildo.
Compareceram ao local da ocupação, os Dirigentes do MST, Paulo César, o PC, Luciano, Preto, Evanildo Costa e Márcio Matos, o Marcinho da Direção Nacional do Movimento.
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