1ª página do Ofício ao ministro Patrus |
A ASSEMDA protocolou uma ofício ao novo ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias, saudando-o pelo mandato à frente do Ministério e apresenta a pauta da categoria e solicita audiência.
Em 4 páginas do Ofício (nº 01/2015/ASSEMDA), a Direção Executiva da Associação Nacional expõe em três eixos a pauta de reivindicações (Desenvolvimento de Pessoal, Qualidade de Vida no Trabalho e Carreira e Remuneração) que vêm sendo negociadas nas últimas campanhas salariais com a Administração do MDA, e em que pé se encontram na negociação e implantação. Pede também que prossiga os Grupos de Trabalho (GTs) conjuntos em funcionamento e a Mesa Permanente de Negociação. Por fim, solicita ainda uma audiência com o próprio ministro para melhor detalhamento.
Leia a seguir a íntegra do Ofício ao Ministro Patrus:
Em 4 páginas do Ofício (nº 01/2015/ASSEMDA), a Direção Executiva da Associação Nacional expõe em três eixos a pauta de reivindicações (Desenvolvimento de Pessoal, Qualidade de Vida no Trabalho e Carreira e Remuneração) que vêm sendo negociadas nas últimas campanhas salariais com a Administração do MDA, e em que pé se encontram na negociação e implantação. Pede também que prossiga os Grupos de Trabalho (GTs) conjuntos em funcionamento e a Mesa Permanente de Negociação. Por fim, solicita ainda uma audiência com o próprio ministro para melhor detalhamento.
Leia a seguir a íntegra do Ofício ao Ministro Patrus:
Ofício nº 001/2015/ASSEMDA Brasília-DF,
04 de fevereiro de 2015.
Ao Excelentíssimo
Senhor
PATRUS ANANIAS DE SOUZA
Ministro de Estado do
Desenvolvimento Agrário
Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 8º Andar | Zona
Cívico-Administrativa
CEP: 70.050-902 | Brasília-DF
ASSUNTO
Saudação ao Ministro e solicitação de audiência
Vossa Excelência,
A
Diretoria Executiva da Associação Nacional dos Servidores do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (ASSEMDA) vem através deste saudar V. Exª. e solicitar-lhe
a audiência. Apesar de eventuais diferenças políticas e de nos
encontrarmos em posições institucionais distintas (Administração e Movimento), por
sua longa militância junto aos movimentos sociais do campo e da cidade, não
entendemos V. Exª. apenas como um interlocutor, mas um companheiro na luta por
um desenvolvimento rural sustentável e solidário.
Pela
sua importância, a terra e o meio rural (os territórios onde as relações socioprodutivas
associadas ao uso da terra são predominantes) carregam a complexidade e o
conflito quase que intrínseca a sua natureza. Por isso, de todas as reformas estruturais
que o País precisa, talvez a Reforma Agrária seja a mais difícil, tal qual é a preservação
e o fortalecimento da agricultura familiar e das comunidades tradicionais. Ainda
mais quando vivemos em meio a crises interconectas, como a alimentar, a
ambiental e a energética, que redundam em tantas outras, dentre as quais,
social, econômica, política e geopolítica.
Assim
sendo, qualquer nação não pode prescindir de bem cuidar de seus dois
patrimônios mais sagrados: seu povo e seu território. Daí a importância de se
ter e possuir um Estado organizado e estruturado para tanto. Entendemos que
para realizar sua nobre missão institucional, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) necessita de uma estrutura física, orçamentária e organizacional
adequada e de um corpo de trabalhadores bem qualificados e bem valorizados que
sejam a pedra fundamental que estrutura o órgão e garantidores da política, inclusive
para além de mudanças de governo.
Esperamos
que a sua gestão que ora se inicia represente um passo à frente, não apenas na
busca por um desenvolvimento rural verdadeiramente Sustentável e Solidário, mas
também no atendimento das reivindicações históricas dos servidores e das
servidoras do MDA, e de nossos companheiros do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), condição que consideramos necessária a
este processo se efetive.
Para
isso, inicialmente pedimos que se mantenha a Mesa de Negociação Permanente,
instituída desde a gestão do Ministro Pepe Vargas, bem como a dinâmica de
constituição de Grupos de Trabalho (GT) institucionais entre a Administração e o
Movimento de Servidores/as. Estes espaços de discussão, negociação e deliberação
são compreendidos como conquistas por nós servidoras e servidores. Fruto de uma
luta que se iniciou ainda em 2009, quando da posse dos primeiros servidores
efetivos no órgão, se consolidou com a fundação da ASSEMDA em 2010, e teve seu
momento de maior tensão durante a greve de 2012. A partir de então conseguimos
manter um diálogo respeitoso com a gestão do Ministério que fez avançar alguns
pontos de nossa pauta, mas ainda deixando várias lacunas a serem preenchidas.
Entre
avanços e lacunas, a pauta dos servidores e servidoras do MDA, está estruturada
em torno de três grandes eixos: (a) Desenvolvimento de Pessoal, (b) Qualidade
de Vida no Trabalho e (c) Carreira e Remuneração.
O
eixo de Desenvolvimento de Pessoal engloba as ações referentes à capacitação de
servidores e à implantação da gestão por competências no Ministério. Até a
entrada de servidores efetivos no órgão a política de capacitação aplicada no
MDA era genérica e carente de disposições fundamentais. A Norma de Capacitação
existente era mera cópia de normas de outros órgãos da Administração Pública
brasileira, de atividades bem distintas, e não atendia a necessidade dos
servidores, nem do Ministério.
Uma
nova norma foi elaborada por um GT formado por indicados do Movimento dos servidores
e da Administração. A partir daí criou-se os Agentes de Capacitação e o Comitê
de Capacitação. O agente de capacitação é um servidor eleito por seus pares em
cada unidade do Ministério, responsável por levantar as demandas por
capacitação em cada uma destas unidades e levar estas a Coordenação de Recursos
Humanos (CRH). O conjunto de Agentes forma o Comitê de Capacitação, instância
sob presidência do Coordenador de Recursos Humanos, responsável por formular o
Plano Anual de Capacitação (PAC) e se manifestar sobre os pedidos de
capacitação, inclusive licenças, bem como instância recursal aos pedidos
negados.
Há
inegáveis avanços em torno deste eixo, contudo precisamos ir adiante. Colocar
em prática o Plano de Capacitação elaborado, fornecendo treinamento aos
servidores, implantar um sistema de capacitação com base em ciclos de
capacitação, em que cada trabalhador do MDA passe por etapas que o habilite a não
só realizar seu trabalho com excelência, bem como assumir funções de chefia
quando demandado, intervindo nas rotinas de forma a melhorar processos e
solucionar problemas.
Além
deste ponto, reivindicamos a implantação no órgão da chamada política de Gestão
por Competências, de acordo com o que determina o Decreto nº 5.707/2006. Os
primeiros passos para isto foram dados com o treinamento de servidores que
realizarão o mapeamento de competências do Ministério. Falta realizar tal
mapeamento que servirá de base para a implantação da gestão por competência no
MDA.
No
mapeamento serão indicadas as competências necessárias para o Ministério
realizar sua missão institucional, quais competências o Ministério dispõe
(através do conhecimento que seu corpo funcional tem) e quais serão necessárias
desenvolver ou adquirir. Tal procedimento é entendido por nós como de suma
importância para melhorar a gestão de pessoas do órgão, planejando suas ações e
aproveitando de forma efetiva o potencial de sua força de trabalho, como
identificando lacunas a serem melhor superadas.
E
ainda faz-se necessário registrar nesse ponto que a base dos servidores,
especialmente os efetivos, ressentem-se da pouca participação que lhes é dado
nos processos decisórios e na escolha e designação nos postos de liderança e
chefias. Solicitamos transparência e democracia nos espaços decisórios pelas
unidades do MDA, inclusive a incorporação de uma representação da ASSEMDA no
Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (CONDRAF) e
demais conselhos, comitês e conferências institucionais.
No
eixo Qualidade de Vida no Trabalho reivindicamos a implantação de um Programa
de Qualidade de Vida para os trabalhadores e trabalhadoras do MDA. Entendemos
qualidade de vida no trabalho como a busca contínua da melhoria dos processos
ligados ao trabalho, os quais devem ser construídos de forma a aproveitar o
potencial humano da equipe. Melhorar o ambiente de trabalho de forma a
propiciar ao trabalhador do Ministério um espaço saudável, evitando o
aparecimento das doenças relacionadas ao ambiente e processo de trabalho.
Neste
eixo foi elaborada uma norma de Qualidade de Vida no Trabalho pelo Ministério e
formada uma Equipe de Qualidade de Vida no Trabalho (EQVT) a partir da eleição
dos membros em processo similar ao acontecido no comitê de capacitação. Apesar
da redação final da Norma ter sido feita atropelando-se o Grupo de Trabalho
formado, compreendemos ser importante colocar em funcionamento a EQVT e que
esta decida rever ou não a Norma.
Além
disto, relacionado a este ponto pedimos a imediata implantação do Plano de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PMCSO) e do Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA) para todos os trabalhadores e trabalhadoras do Ministério.
Tais programas são regulamentados e determinados pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), através da Portaria Normativa Nº 3 de
7 de maio de 2010, que criou a Norma Operacional de Saúde do Servidor Público
Federal (NOSS) nunca implementada no MDA.
A
não implementação desta norma se soma às falhas na tentativa da gestão anterior
em melhorar o ambiente físico do Ministério. Em que pese modificações de layout, manteve-se em muitos casos, salas
mal planejadas para o quantitativo de pessoas das unidades e mobiliário não
ergonômico, o que prejudica a saúde do trabalhador do Ministério e leva a
afastamentos que poderiam ser evitados.
Ainda
neste quesito reivindicamos atenção especial a estrutura das Delegacias Federais
do Desenvolvimento Agrário nos estados (DFDAs). Estas, muitas vezes colocadas a
contragosto dentro de sedes de Superintendências Regionais do INCRA (SRs),
sofrem com todo tipo de problemas de infraestrutura, chegando em alguns casos a
condições insalubres.
A
ASSEMDA realiza desde 2012 uma série de campanhas pedindo a implantação de uma
creche no Ministério. Tal creche auxiliaria não apenas os servidores do órgão,
mas os demais trabalhadores e trabalhadoras (terceirizados, consultores, dentre
outros) que precisam deixar seus filhos em casa ou pagar valores altos a
creches privadas. Entendemos que tal ação por parte do Ministério estaria,
inclusive, em consonância com um dos mais importantes do Governo Federal, o ‘Brasil
Carinhoso’.
Reivindicamos
também a adoção de medidas preventivas e, quando necessárias, punitivas contra
o assédio moral no Ministério. Esta Associação já fez chegar a Administração do
MDA denúncias de assédio praticado contra servidores e trabalhadores
terceirizados e solicitamos que as mesmas sejam apuradas e os responsáveis
punidos. Pedimos que sejam mantidas algumas ações tomadas no sentido de
melhorar a formação dos gestores do órgão, a exemplo do curso de formação de
gestores realizado no ano passado. Além disso salientamos, mais uma vez, a
necessidade da implantação de ciclos de capacitação, de forma que a escolha dos
gestores e chefes de equipe obedeça a critérios técnicos, para além dos
políticos.
Também
em relação a melhoria da qualidade de vida do trabalhador do Ministério
solicitamos que seja finalizada a revisão na Norma de Remoção do MDA, que vem
sendo feita por um GT específico sobre o assunto. Tal Norma visa atender à
reivindicação de grande parte dos servidores do Ministério que seja facilitada
a movimentação de servidores tanto entre unidades do Ministério, quanto entre
sedes.
Salientamos
ainda a questão remuneratória, talvez a questão mais desafiadora. Desde que os
primeiros servidores efetivos chegaram em 2009 ao Ministério do Desenvolvimento
Agrário que há uma grande evasão no quadro e o grande motivo para isso, além
das condições ruins de trabalho, é a baixa remuneração. As servidoras e os
servidores do MDA estão entre aqueles que menos recebem na ‘Esplanada’.
Para
efeito de comparação um engenheiro agrônomo do MDA recebe a metade do que seu
similar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da
carreira de Fiscal Federal Agropecuário (FFA). Tal comparação fica ainda pior se
considerarmos os servidores efetivos dos cargos não são enquadrados na Lei nº 12.277/2010,
que criou a estrutura remuneratória especial a cargos específicos do Plano Geral
do Poder Executivo (PGPE) - carreira cujos servidores efetivos do MDA estão
atualmente enquadrados. Situação igual estão os servidores do MDA requisitados
das duas carreiras do INCRA, dos cargos da Carreira de Reforma Agrária e os
Peritos Federais Agrários (PFA).
Para
corrigir tal distorção reivindicamos a criação de um Plano de Carreira, Cargos
e Remuneração (PCCR) próprio do MDA que reflita as necessidades do órgão. E à
semelhança do que ocorreu com a área ambiental (MMA, IBAMA e ICMBio), seja ao
mesmo para o Ministério e sua autarquia, o INCRA. Para isso a ASSEMDA está
realizando estudos juntamente com as entidades de classe dos servidores do
INCRA, a Confederação Nacional das Associações de Servidores do INCRA (CNASI), as
Associações Regionais dos Servidores da Reforma Agrária e do INCRA (ASSERAs/ASSINCRAs)
e o Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA).
Pedimos
apoio do Ministério na confecção da proposta de carreira e no envio ao Ministério
do Planejamento.Sabemos que a implantação de um PCCR não depende do exclusivamente
do MDA, mas o apoio do Ministro no pleito junto ao MPOG é de grande importância,
demonstrando ser um Plano de Carreira para a área agrária algo estratégico.
Dentro
ainda das questões remuneratórias, enfatizamos a necessidade de ampliar a
oferta de gratificações aos servidores do MDA. Atualmente poucos servidores têm
gratificações. Estas, apesar de não serem salários, têm um
efeito substancial na renda dos servidores e ajudariam a acabar com a evasão de
pessoal e a estruturar o órgão, a partir de um corpo técnico bem remunerado.
Apenas
alguns dos que poderiam receber a Gratificação Temporária das Unidades dos Sistemas
Estruturadores da Administração Pública Federal (GSISTE) a recebem, em um
déficit de 45 gratificações. O MDA não tem as Funções Comissionadas Técnicas
(FCTs), apesar de ter sido feito um estudo em 2013 e encaminhado ao MPOG
solicitando 239 FCTs, nem mesmo recebendo as meras 8 a 14 prometidas por aquele
Ministério. Necessita-se ainda que se pleiteie junto ao órgão de Gestão de Pessoal do Governo Federal uma
gratificação aos servidores que trabalham na Amazônia Legal, devido à estrutura
deficiente e aos riscos que incorrem os trabalhadores destes estados, o que
dificulta a fixação dos servidores nestas localidades.
Outro
grave problema é que o Ministério conta ao total com apenas 1.000 trabalhadores,
entre servidores efetivos, temporários, em exercício descentralizados,
requisitados, sem vínculo, consultores e terceirizados, em um quantitativo que
não atende o atual volume de trabalho e não corresponde à importância que o
órgão assumiu nas políticas públicas federais.
Para
complicar esse cenário, conta com menos de 15% no seu quadro total de
trabalhadores de servidores efetivos permanentes, enquanto aqueles que não
passaram por concurso totalizam quase 2/3, o que compromete desde a
continuidade dos processos organizacionais à realização dos mais básicos e
rotineiros procedimentos administrativos internos, passando pela elaboração,
execução e monitoramento de políticas e a fiscalização de convênios, contratos
administrativos e de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).
Torna-se
portanto, urgente e indispensável a realização de concurso público para
provimento efetivo permanente, tendo em vista a evasão e rotatividade
verificada nos últimos anos, e inclusive o fato de que em 15 anos de
constituição do Ministério houve apenas um único concurso, em 2009, resultado
de pressões do Ministérios Públicos Federal e do Trabalho e do TCU. Solicitamos
da nova Administração ações junto ao MPOG para obtenção da autorização para
concurso das vagas aprovadas pelo Congresso Nacional, honrando assim também um
dos itens do Termo de Acordo da greve de 2012, com a previsão inicial de mais
391 novos servidoras/servidores efetivos.
Reiteramos
por fim, o pedido para audiência pessoal com V. Exª. e equipe para
esclarecermos e detalharmos nossas demandas.
Atenciosamente,
A Diretoria
Executiva
ASSEMDA
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