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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Embaixada vê MST em declínio

por Natalia Viana do blog cartacapitalwikileaks.worldpress.com

A missão americana no Brasil avalia que o MST perdeu força política e suas atividades estejam em declínio.

Uma primeira avaliação nesse sentido veio em um telegrama de 16 de maio de 2008, enviado pelo consulado de São Paulo.

A missão procurou alguns especialistas para saber mais sobre o MST. Entre eles, o ombundsman da Fundação Instituto de Terras de São Paulo (ITESP), Carlos Alberto Feliciano.

Segundo Feliciano teria dito, o MST tem tido dificuldades em recrutar novos membros por causa do crescimento econômico e do Bolsa Familia.

“Muitos beneficiados pelo Bolsa Familia estão relutantes em se juntar ao MST por medo de perder seus benefícios. É difícil para eles seguir as condições do programa – manter os filhos na escola e garantir que sejam vacinados segundo o cronograma – enquanto vivem em um acampamento”, descreve o cônsul em São Paulo, Thomas White.

A embaixada também procurou o professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, da USP, que descreveu a falta de vontade política do governo Lula, para quem o agrobusiness e as grandes propriedades “oferecem um modelo econômico melhor para o desenvolvimento rural”.

Oliveira explicou que o lento processo de desapropriação tem enfraquecido o movimento, pois se não há terras para distribuir “muitas pessoas simplesmente desistem e voltam para as cidades”.

Por isso, avalia o documento, o MST tem feito ações rápidas destinadas a chamar a atenção da imprensa – e cita como exemplo os protestos conta a Vale.

“As ações contra a Vale, além de gerar publicidade, também são destinadas a satisfazer o nicho eleitoral do MST. Os líderes sem-terra acusam a empresa de explorar os trabalhadores e degradar o meio ambiente, e muitos integrantes da esquerda querem que a privatização seja revertida”.

O cônsul de São Paulo descreve o confronto ocorrido no terreno da Syngenta em 2007 que levou ao assassinato do líder Valmir Oliveira, conhecido como Keno. Os sem-terra protestavam contra testes de alimentos transgênicos que estariam sendo feitos próximos a uma reserva.

“O fato que os transgênicos continuam sendo um tema controverso nas mentes dos brasileiros também oferece uma oportunidade de propaganda vitoriosa ao MST ao atacar seus produtores”, escreve.

(Vale notar que outro documento da representação americana no Vaticano, publicado hoje pelo WikiLeaks, descreve o apoio do alto clero aos transgênicos. Leia aqui)

Alerta

O cônsul conclui o telegrama pedindo aos EUA para permanecerem em alerta com o MST.

“Apesar do MST estar em declínio, é improvável que acabe em curto prazo. Suas atividades continuam sendo uma fonte de preocupação para muitos proprietários”, escreve.

“Mesmo assim, a economia em crescimento combinada com as políticas destinadas a melhorar as condiçõs de vida da camada mais pobre – como o aumento do salário mínimo e o programa de transferência de renda “Bolsa Familia” – parecem fornecer pelo menos a alguns militantes uma alternativa, e pode estar forçando os líderes do MST a repensar suas táticas”.

Em outro telegrama, o consulado de Recife também ouviu fontes da igreja católica sobre o MST, em especial o padre Hermínio Canova, que reforçou que o Bolsa Família teria enfraquecido o movimento, que agora era forçado a “se reinventar”.

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